AS EXCELÊNCIA DO SANTO SACRIFÍCIO
DA MISSA
É
uma verdade incontestável que todas as religiões, que existiram desde o começo
do Mundo, tiveram sempre algum sacrifício como parte essencial do culto devido
a DEUS.
Mas
porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus sacrifícios, também, eram
vãos ou imperfeitos. Totalmente vãos eram os sacrifícios do paganismo, e nem acode
ao espírito falar sobre eles.
Quanto
ao dos hebreus, eram imperfeitos. Se bem que professassem, então, a religião
verdadeira, seus sacrifícios eram podres e defeituosos, infirma et egena
elementa, como qualifica São Paulo.
Não
podiam, assim, apagar os pecados nem conferir graça. Só o Sacrifício que temos
em nossa santa religião, que é a Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito,
e, em todo sentido, completo: por ele, cada fiel honra dignamente a DEUS, reconhecendo,
ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo domínio de DEUS. Davi o chama:
Sacrifício de Justiça, sacrificium justitiae; tanto porque contém o
Justo dos justos e o Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e
Santidade, como porque santifica as almas pela infusão das graças e abundância
dos dons que lhes confere.
PRIMEIRA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA
SANTA MISSA É O MESMO QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ
A
Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a
fim de formardes uma ideia adequada de tão grande tesouro, algumas de suas
excelências divinas; pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza
da minha inteligência.
A
principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve
considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz,
com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou
uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os
pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento,
que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos aplicar
especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário, Assim
o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos
proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.
Um
abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para
os utilizarmos. Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma representação,
uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido
realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza
novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor
morre por nós misticamente, sem morre na realidade, estando ao mesmo tempo vivo
e como imolado: Vidi agunum stantem tanquan accisum. (Apoc 5, 6)
No
santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é
verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Nos dias da Ascensão e Pentecostes,
comemoramos a subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO SANTO, sem
que, de modo algum nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO
desça visivelmente à Terra.
A
mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois aí não é
uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido
sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo
corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se imola hoje na Santa Missa. Opus
trae Redemptionis exercetur, diz a Santa Igreja.
A
obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce
atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que foi feito sobre a Cruz.
Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à Igreja para
assistir a Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do
Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa atitude tão pouco
modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz
vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria
censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fôsseis a uma
festa mundana?
Que
aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas,
cochichos, encontros sacrílegos? Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniquidade
não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na
proximidade do altar, são pecados que atraem a maldição, de DEUS: Maledictus
qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48,10). Meditai seriamente sobre
esse assunto.
Outras
maravilhas, porém, vou desvendar-vos de tesouro tão precioso.
SEGUNDA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA
SANTA MISSA TEM POR SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO
Depois
de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz, e não uma
cópia, era de imaginar que não se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que
o torna, entretanto, mais sublime é o fato de ter como sacerdote o próprio Deus
feito homem.
Três
coisas, certamente são para considerar no santo Sacrifício: o Sacerdote que
oferece. A Vítima oferecida e a Majestade divina, a quem se oferece. Ora, três
considerações: o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS CRISTO: a
vítima é a vida de um DEUS; e não se oferece a outrem senão DEUS. Reanimai,
portanto, a vossa fé, e reconhecei no padre que celebra, a pessoa adorável de
Nosso Senhor JESUS CRISTO. É Ele o principal oferente, não só porque instituiu
este santo Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se digna,
em cada Santa Missa e para nosso benefício mudar o pão e o vinho em seu
santíssimo Corpo e preciosíssimo Sangue.
Eis
porque a maior excelência da Santa Missa consiste em ter por Sacerdote um DEUS
feito Homem. E quando virdes o celebrante no altar, sabei que sua maior
dignidade é ser o ministro deste Sacerdote invisível e eterno que é nosso Redentor.
Daí
vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a DEUS, ainda que o padre
celebrante seja um pecador, visto que o principal oferente é CRISTO Nosso
Senhor, e o padre seu simples representante.
Do
mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum servidor, é verdadeiramente o
principal autor do benefício, e ainda que o servo fosse um celerado, se o
patrão é um justo, a esmola é santa e é meritória.
Bendito
seja DEUS que nos deu um Sacerdote infinitamente santo, a própria Santidade, o
qual oferece ao PAI Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois
hoje a fé está difundida em toda parte, mas também em todo tempo, todos
os dias e mesmo a toda hora, graças a DEUS, o sol se levanta para outras
regiões, quando pra nós desaparece. A toda hora, portanto em qualquer parte da
Terra, este
Santíssimo
Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o Ser ao PAI, por nós, e o faz
tantas vezes quantas Missas se celebram em todo o Universo.
Que
tesouro imenso! Que mina de inestimáveis riquezas possuímos na Igreja de DEUS!
Felizes de nós se pudéssemos assistir devotamente a todas as Santas Missas! Que
capital de méritos amontoaríamos! Que abundância de graças nesta vida, e que
grau de glória na outra nos proporcionará a devota e amorosa assistência a
tantas Santas Missas!
Mas
que digo? Assistência? Os que assistem a Missa à Santa Missa não fazem apenas o
ofício de assistentes, mas também o de celebrantes e pode-se chama-los
sacerdotes: Fecisti nos DEO nostro regnun et sacerdotes (Apoc 5,10). O sacerdote
que oficia é como o ministro público da Igreja inteira, é o mediador de todos
os fiéis, e especialmente daqueles que participam da Santa Missa, junto do
Sacerdote invisível que é JESUS. Com CRISTO, ele oferece ao Eterno PAI, em seu Nome
e em nome de todos, o resgate precioso da Redenção dos homens. Não está, porém,
sozinho nesta santa função. Todos os que assistem a Santa Missa, concorrem com
ele no oferecimento do Sacrifício. Assim, voltado para os fiéis, o sacerdote
diz: Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium acceptabile fiat: “Orai,
meus irmãos, para que o meu sacrifício, que é também o vosso, seja agradável a
DEUS”.
Estas
palavras, que o sacerdote profere, é para nos dar a entender que, conquanto
desempenhe ele o papel de ministro principal, todos, que ali assistem, com ele
oferecem a grande Vítima. Quando assistis à Santa Missa, fazeis, portanto, de certo
modo, o ofício de sacerdote.
Que
dizeis agora? Ousaríeis ainda assistir à Santa Missa, sentados, tagarelando,
olhando para um e outro lado, e contentando-vos de recitar, bem ou mal, umas
preces vocais, sem levar em conta o ofício de tanta responsabilidade que exerceis,
o ofício de sacerdote?
Ah!
não posso evitar de exclamar aqui: Ó mundo insensato, que nada compreende de
tão augustos mistérios. Como é possível permanecer ao pé dos altares com o espírito
distraído e o coração dissipado, num momento em que os Anjos e os Santos se
absorvem em admiração e temo à vista de tão maravilhosa obra!
TERCEIRA EXCELÊNCIA
A PALAVRA DE UM
HOMEM OPERA O SACRIFÍCIO.
Admirai-vos,
talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma obra maravilhosa? E não é, com
efeito, inefável maravilha o que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que
língua angélica ou humana poderia explicar poder tão excessivo? Quem, jamais,
pode imaginar que a palavra de um homem, que não tem, naturalmente, a força de
levantar da terra uma palha, receberia da graça o poder surpreendente de fazer
descer do Céu o Filho de DEUS?
Aí
está um poder maior que o de transportar montanhas, esgotar o mar e abalar os
céus; poder comparável, de certo modo, àquele primeiro Fiat com que DEUS
fez surgir do nada todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em outro
sentido, aquele Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu a seu seio o
Verbo Divino.
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Papa Bento XVI celebrando a Santa Missa |
A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do corpo de Cristo dela formado, sem dúvida, isto é, de seu puríssimo sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer dizer, sacramentalmente e isto tantas vezes quantas consagra.
O
bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um eremita seu companheiro a
compreender esta verdade. Este não conseguia persuadir de que a palavra de um
padre tivesse o poder de mudar a substância do pão, no Corpo de JESUS CRISTO, e
a do vinho em seu Sangue; e, o que é mais deplorável, tinha cedido a essa
tentação diabólica. O servo de DEUS percebeu o erro do companheiro, e,
conduzindo-o a beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de beber.
Depois
de sorver toda a água, o outro confessou que jamais, em toda a sua vida,
provara um vinho tão delicioso. Então João, o Bom, disse-lhe: “Não vedes o
milagre, meu querido irmão? Se, por meio de um miserável como eu, a água se
mudou em vinho pela onipotência divina, quanto mais deveis crer, por meio das
palavras do sacerdote, que são palavras de DEUS, o pão e o vinho mudam-se no
Corpo e Sangue de JESUS CRISTO? Quem ousaria jamais pôr limites à onipotência
de DEUS?”
Bastou
isso para dissipar o engano do eremita, que, expulsando de seu espírito toda a
dúvida, fez grande penitência por seu pecado. Um pouco de fé, mas de fé viva, e
confessaremos que inúmeras são as prodigiosas prerrogativas contidas neste admirável
Sacrifício.
Aí
veremos, com admiração, renovar-se-á a toda hora este prodígio da sagrada
humanidade de JESUS CRISTO presente em milhares e milhares de lugares, e
gozando, por assim dizer, de uma sorte de imensidade que não possui nenhum
outro corpo, e só a ela reservada em recompensa do sacrifício de sua vida que
Ele fez a DEUS Altíssimo.

“Desgraçado,
porque não te prostras diante do verdadeiro DEUS presente neste Divino
Sacramento?” – “Que DEUS?”, replicou o judeu. “Se fosse verdade, a consequência
seria haver muitos deuses, pois, ao celebrarem a Santa Missa ele estaria em
cada um dos vossos altares”. A estas palavras, o espírito, que habitava naquela
mulher, tomou um crivo e opondo-se ao sol, disse ao judeu que olhasse os raios
filtrando-se pelos buracos. Em seguida ajuntou: “Dize-me, judeu, há então
muitos sóis passando pelas aberturas deste crivo, ou um só?” E, à resposta do
judeu de que não havia senão um sol, a mulher replicou.
“Por
que te espantas, então, de que DEUS, feito Homem e feito Sacramento, possa ter,
por um excesso de amor, uma presença real e verdadeira sobre vários altares,
permanecendo, no entanto, uno, indivisível e imutável?” Foi o suficiente para confundir
a incredulidade do judeu, que por esse raciocínio se viu constrangido a
confessar a verdade de nossa Fé.
Ó
santa Fé! Apenas um raio de tua luz, e exclamaremos com fervor: Quem ousaria
estabelecer limites à onipotência de DEUS? Nesta grande concepção que tinha do
poder de DEUS, Santa Teresa dizia, muitas vezes, que quanto mais sublimes eram
os mistérios de nossa fé, e profundos e impenetráveis à nossa inteligência, com
tanto mais força e felicidade neles acreditava, sabendo bem que DEUS
todo-poderoso pode fazer prodígios infinitamente maiores.
Reanimai,
espontaneamente, vossa fé e confessai que este Divino Sacramento é o milagre
dos milagres, a maravilha das maravilhas, e que sua maior excelência consiste
em ultrapassar nossa pobre inteligência. E tomados de admiração dizei e repeti
muitas vezes: Oh! Que grande tesouro! Que imenso tesouro!
Fonte: Livro As excelências da Santa Missa de Leonardo Porto-Maurício - adaptado
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