quinta-feira, 31 de julho de 2014

As excelências do Santo Sacrifício da Missa


AS EXCELÊNCIA DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA


É uma verdade incontestável que todas as religiões, que existiram desde o começo do Mundo, tiveram sempre algum sacrifício como parte essencial do culto devido a DEUS.

Mas porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus sacrifícios, também, eram vãos ou imperfeitos. Totalmente vãos eram os sacrifícios do paganismo, e nem acode ao espírito falar sobre eles.



Quanto ao dos hebreus, eram imperfeitos. Se bem que professassem, então, a religião verdadeira, seus sacrifícios eram podres e defeituosos, infirma et egena elementa, como qualifica São Paulo.

Não podiam, assim, apagar os pecados nem conferir graça. Só o Sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido, completo: por ele, cada fiel honra dignamente a DEUS, reconhecendo, ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo domínio de DEUS. Davi o chama: Sacrifício de Justiça, sacrificium justitiae; tanto porque contém o Justo dos justos e o Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e Santidade, como porque santifica as almas pela infusão das graças e abundância dos dons que lhes confere.


PRIMEIRA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA É O MESMO QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ


A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a fim de formardes uma ideia adequada de tão grande tesouro, algumas de suas excelências divinas; pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.



A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário, Assim o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.

Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos. Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morre na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado: Vidi agunum stantem tanquan accisum. (Apoc 5, 6)

No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO SANTO, sem que, de modo algum nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO desça visivelmente à Terra.

A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se imola hoje na Santa Missa. Opus trae Redemptionis exercetur, diz a Santa Igreja.

A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir a Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fôsseis a uma festa mundana?



Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos? Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniquidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que atraem a maldição, de DEUS: Maledictus qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48,10). Meditai seriamente sobre esse assunto.

Outras maravilhas, porém, vou desvendar-vos de tesouro tão precioso.

SEGUNDA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA TEM POR SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO

Depois de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz, e não uma cópia, era de imaginar que não se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que o torna, entretanto, mais sublime é o fato de ter como sacerdote o próprio Deus feito homem.

Três coisas, certamente são para considerar no santo Sacrifício: o Sacerdote que oferece. A Vítima oferecida e a Majestade divina, a quem se oferece. Ora, três considerações: o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS CRISTO: a vítima é a vida de um DEUS; e não se oferece a outrem senão DEUS. Reanimai, portanto, a vossa fé, e reconhecei no padre que celebra, a pessoa adorável de Nosso Senhor JESUS CRISTO. É Ele o principal oferente, não só porque instituiu este santo Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se digna, em cada Santa Missa e para nosso benefício mudar o pão e o vinho em seu santíssimo Corpo e preciosíssimo Sangue.



Eis porque a maior excelência da Santa Missa consiste em ter por Sacerdote um DEUS feito Homem. E quando virdes o celebrante no altar, sabei que sua maior dignidade é ser o ministro deste Sacerdote invisível e eterno que é nosso Redentor.

Daí vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a DEUS, ainda que o padre celebrante seja um pecador, visto que o principal oferente é CRISTO Nosso Senhor, e o padre seu simples representante.

Do mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum servidor, é verdadeiramente o principal autor do benefício, e ainda que o servo fosse um celerado, se o patrão é um justo, a esmola é santa e é meritória.

Bendito seja DEUS que nos deu um Sacerdote infinitamente santo, a própria Santidade, o qual oferece ao PAI Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois hoje a fé está difundida em toda parte, mas também em todo tempo, todos os dias e mesmo a toda hora, graças a DEUS, o sol se levanta para outras regiões, quando pra nós desaparece. A toda hora, portanto em qualquer parte da Terra, este

Santíssimo Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o Ser ao PAI, por nós, e o faz tantas vezes quantas Missas se celebram em todo o Universo.

Que tesouro imenso! Que mina de inestimáveis riquezas possuímos na Igreja de DEUS! Felizes de nós se pudéssemos assistir devotamente a todas as Santas Missas! Que capital de méritos amontoaríamos! Que abundância de graças nesta vida, e que grau de glória na outra nos proporcionará a devota e amorosa assistência a tantas Santas Missas!

Mas que digo? Assistência? Os que assistem a Missa à Santa Missa não fazem apenas o ofício de assistentes, mas também o de celebrantes e pode-se chama-los sacerdotes: Fecisti nos DEO nostro regnun et sacerdotes (Apoc 5,10). O sacerdote que oficia é como o ministro público da Igreja inteira, é o mediador de todos os fiéis, e especialmente daqueles que participam da Santa Missa, junto do Sacerdote invisível que é JESUS. Com CRISTO, ele oferece ao Eterno PAI, em seu Nome e em nome de todos, o resgate precioso da Redenção dos homens. Não está, porém, sozinho nesta santa função. Todos os que assistem a Santa Missa, concorrem com ele no oferecimento do Sacrifício. Assim, voltado para os fiéis, o sacerdote diz: Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium acceptabile fiat: “Orai, meus irmãos, para que o meu sacrifício, que é também o vosso, seja agradável a DEUS”.



Estas palavras, que o sacerdote profere, é para nos dar a entender que, conquanto desempenhe ele o papel de ministro principal, todos, que ali assistem, com ele oferecem a grande Vítima. Quando assistis à Santa Missa, fazeis, portanto, de certo modo, o ofício de sacerdote.

Que dizeis agora? Ousaríeis ainda assistir à Santa Missa, sentados, tagarelando, olhando para um e outro lado, e contentando-vos de recitar, bem ou mal, umas preces vocais, sem levar em conta o ofício de tanta responsabilidade que exerceis, o ofício de sacerdote?

Ah! não posso evitar de exclamar aqui: Ó mundo insensato, que nada compreende de tão augustos mistérios. Como é possível permanecer ao pé dos altares com o espírito distraído e o coração dissipado, num momento em que os Anjos e os Santos se absorvem em admiração e temo à vista de tão maravilhosa obra!


TERCEIRA EXCELÊNCIA
A PALAVRA DE UM HOMEM OPERA O SACRIFÍCIO.

Admirai-vos, talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma obra maravilhosa? E não é, com efeito, inefável maravilha o que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que língua angélica ou humana poderia explicar poder tão excessivo? Quem, jamais, pode imaginar que a palavra de um homem, que não tem, naturalmente, a força de levantar da terra uma palha, receberia da graça o poder surpreendente de fazer descer do Céu o Filho de DEUS?

Aí está um poder maior que o de transportar montanhas, esgotar o mar e abalar os céus; poder comparável, de certo modo, àquele primeiro Fiat com que DEUS fez surgir do nada todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em outro sentido, aquele Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu a seu seio o Verbo Divino.

Papa Bento XVI celebrando a Santa Missa

A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do corpo de Cristo dela formado, sem dúvida, isto é, de seu puríssimo sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer dizer, sacramentalmente e isto tantas vezes quantas consagra.

O bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um eremita seu companheiro a compreender esta verdade. Este não conseguia persuadir de que a palavra de um padre tivesse o poder de mudar a substância do pão, no Corpo de JESUS CRISTO, e a do vinho em seu Sangue; e, o que é mais deplorável, tinha cedido a essa tentação diabólica. O servo de DEUS percebeu o erro do companheiro, e, conduzindo-o a beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de beber.

Depois de sorver toda a água, o outro confessou que jamais, em toda a sua vida, provara um vinho tão delicioso. Então João, o Bom, disse-lhe: Não vedes o milagre, meu querido irmão? Se, por meio de um miserável como eu, a água se mudou em vinho pela onipotência divina, quanto mais deveis crer, por meio das palavras do sacerdote, que são palavras de DEUS, o pão e o vinho mudam-se no Corpo e Sangue de JESUS CRISTO? Quem ousaria jamais pôr limites à onipotência de DEUS?”

Bastou isso para dissipar o engano do eremita, que, expulsando de seu espírito toda a dúvida, fez grande penitência por seu pecado. Um pouco de fé, mas de fé viva, e confessaremos que inúmeras são as prodigiosas prerrogativas contidas neste admirável Sacrifício.



Aí veremos, com admiração, renovar-se-á a toda hora este prodígio da sagrada humanidade de JESUS CRISTO presente em milhares e milhares de lugares, e gozando, por assim dizer, de uma sorte de imensidade que não possui nenhum outro corpo, e só a ela reservada em recompensa do sacrifício de sua vida que Ele fez a DEUS Altíssimo.

Um espírito, falando pela boca de uma pessoa, fez com que um judeu incrédulo compreendesse esta verdade, por meio de uma comparação material e grosseira. O homem achava-se numa praça com muitas pessoas, entre as quais a mulher possessa. Nesse momento passou um padre que levava o Santo Viático a um doente. Todos os presentes se ajoelharam e prestaram homenagem ao Santíssimo Sacramento. Só o judeu ficou imóvel e não deu sinal algum de respeito. Vendo isso, a mulher levantou-se furiosa, arrancou-lhe o chapéu e deu-lhe um vigoroso bofetão, dizendo-lhe.

“Desgraçado, porque não te prostras diante do verdadeiro DEUS presente neste Divino Sacramento?” – “Que DEUS?”, replicou o judeu. “Se fosse verdade, a consequência seria haver muitos deuses, pois, ao celebrarem a Santa Missa ele estaria em cada um dos vossos altares”. A estas palavras, o espírito, que habitava naquela mulher, tomou um crivo e opondo-se ao sol, disse ao judeu que olhasse os raios filtrando-se pelos buracos. Em seguida ajuntou: “Dize-me, judeu, há então muitos sóis passando pelas aberturas deste crivo, ou um só?” E, à resposta do judeu de que não havia senão um sol, a mulher replicou.

“Por que te espantas, então, de que DEUS, feito Homem e feito Sacramento, possa ter, por um excesso de amor, uma presença real e verdadeira sobre vários altares, permanecendo, no entanto, uno, indivisível e imutável?” Foi o suficiente para confundir a incredulidade do judeu, que por esse raciocínio se viu constrangido a confessar a verdade de nossa Fé.

Ó santa Fé! Apenas um raio de tua luz, e exclamaremos com fervor: Quem ousaria estabelecer limites à onipotência de DEUS? Nesta grande concepção que tinha do poder de DEUS, Santa Teresa dizia, muitas vezes, que quanto mais sublimes eram os mistérios de nossa fé, e profundos e impenetráveis à nossa inteligência, com tanto mais força e felicidade neles acreditava, sabendo bem que DEUS todo-poderoso pode fazer prodígios infinitamente maiores.

Reanimai, espontaneamente, vossa fé e confessai que este Divino Sacramento é o milagre dos milagres, a maravilha das maravilhas, e que sua maior excelência consiste em ultrapassar nossa pobre inteligência. E tomados de admiração dizei e repeti muitas vezes: Oh! Que grande tesouro! Que imenso tesouro!

Fonte: Livro As excelências da Santa Missa de Leonardo Porto-Maurício - adaptado

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