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segunda-feira, 12 de junho de 2017
O noivado de José e Maria
11:17
Gabriel Luan Paixão Mota
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O
NOIVADO DE JOSÉ E MARIA
José
apareceu aos olhos de Maria como o homem providencial que a havia de permitir
viver no estado de virgindade para o qual se sentia chamada pelo Senhor.
Encontrando-o compreendeu que lhe era acessível este ideal e que podia
desposar-se com ele.
Hoje
admiramo-nos de que tendo tomado a resolução de permanecer Virgem, Maria se
tenha decidido pelos desposórios e pelo casamento. Mas no ambiente em que vivia
não conhecia outro caminho. Em Israel não existia a instituição da virgindade,
não havia comunidades de virgens e o ideal de uma consagração virginal a Deus
não era apreciado nem praticado. Este ideal começou, quando muito, a impor-se a
um outro grupo de ascetas vivendo no deserto. Pensando no seu futuro, Maria
teve de persuadir-se de que a melhor proteção da sua virgindade estava no
casamento, contanto que pudesse encontrar um homem que estivesse animado do
mesmo ideal, persuadido da excelência da castidade virginal e decidido a
respeitá-la. Além disso, a Providência que queria assegurar um lar para o
Menino Jesus impelia secretamente Maria neste sentido.
Contudo,
a Virgem podia perguntar se encontraria um homem que aspirasse ou consentisse
numa união virginal. Não seria, porventura, necessária uma alma excepcional?
Grande foi a felicidade de Maria quando descobriu em José uma alma enamorada do
mesmo ideal de pureza. Ficou admirada com a elevação dos seus sentimentos.
Por
isso, o noivado foi o resultado espontâneo desta comunhão no mesmo ideal e, ao
mesmo tempo, de uma profunda e recíproca estima.
Leia também: O encontro de José com Maria
Maria
admirou igualmente, naquelas circunstâncias, a ação da divina Providência. Não
devia ela cantar, no seu silêncio íntimo, o primeiro Magnificat? Com grande entusiasmo
agradeceu ao Senhor por haver colocado no seu caminho um jovem destinado a
ajudá-la a realizar a sua missão. José era um dom extraordinário da bondade
divina.
Este
primeiro Magnificat, como o que havia de cantar alguns meses depois, era um
hino de gratidão proferido em nome de todos os humildes. Era um humilde, um
desconhecido que Deus acabava de oferecer à Virgem como esposo. Enquanto o
sonho clássico da jovem é ser esposa de um rei, Maria entusiasmava-se com a
escolha divina preferindo os que não se distinguem pela grandeza exterior e
vivem na sombra. A pessoa de José tinha, aos seus olhos, tanto maior estima
quanto o seu valor era todo interior, escondido numa alma humilde. A grandeza
de Deus revela-se nela imensamente mais.
Quando
José escolheu Maria para esposa trocando com ela a promessa, não fez senão
ratificar a escolha divina. Tinha sido escolhido entre muitos para ser esposo
daquela que havia de ser a Mãe de Deus. Naquele momento podia intuir o infinito
amor divino encerrado naquela escolha. Começava apenas a suspeitá-lo, a ter
consciência do privilégio de possuir uma esposa tão perfeita. No íntimo da alma
podia também ele elevar ao Senhor um hino de agradecimento semelhante ao
Magnificat da Virgem.
Os
desposórios, quer para José quer para Maria, começaram com um entusiasmo todo
dirigido a Deus. Se Maria foi a primeira a apreciar as qualidades de José,
precedendo a Igreja na sua veneração, José foi o primeiro a agradecer a Deus o
dom imenso concedido ao mundo com a beleza espiritual de Maria. Ao ver como
esta beleza iluminava a sua vida, dava graças a Deus.
O
período dos desposórios não fez senão confirmá-lo na sua admiração. José sentia
brotar em seu coração o verdadeiro culto pela noiva tão cheia da graça divina.
No seu coração começava a formar-se o culto que a Igreja há de prestar à
Virgem. Era um impulso em que se misturava, juntamente com o seu amor, a
admiração por uma alma onde tudo era reflexo de Deus.
Serão
precisos vários séculos para que a Igreja descubra novamente aquele que foi o
noivo de Maria. Quando, porém, o descobrir, José tornar-se-á padroeiro dos
desposórios cristãos.
Leiam também: A personalidade de São José
O
sentimento religioso cristão apreciará a alegria concedida a Maria por ter
encontrado um noivo ideal. Ela pedirá a José que proporcione semelhante alegria
às jovens que sentem grandes possibilidades de amor, esperando naquele que lhes
permitirá exprimi-lo.
A
escolha de um companheiro ou de uma companheira para a vida é tão difícil como
importante. Quem não tem diante de si tristes exemplos de uniões infelizes e
desgraçadas? A escolha de um noive ou de uma noiva tem uma influência decisiva
para muitas vidas humanas. É com razão que se devem dirigir a José para que a
escolha feita pelos homens coincida com a escolha feita por Deus. Não é ele o
intercessor ideal para conseguir e concurso daquelas circunstâncias
providenciais que hão de proporcionar-se e suscitar a união de duas pessoas
feitas para viverem juntas?
Para
que a escolha humana possa corresponder à escolha divina, José inspira-nos a
preocupação de ter mais em conta as qualidades da alma do que as qualidades
físicas, inspira-nos a preocupação da beleza espiritual, o encanto mais misterioso
e mais sólido conferido pela presença da graça divina. Anima a aspiração de
encontrar no outro o que ele mesmo buscava e encontrava na Virgem, a perfeição
que aproxima de Deus.
Depois,
feita a escolha, é ainda José o guia no progresso do amor no noivado. Este amor
possui um perfume especial que só na pureza se pode conservar. José, que
conservou sempre esta pureza, não desejando senão a união virginal, comunica o
desejo de realizar este ideal durante o noivado. Ensina a gozar a intimidade de
uma alma, a evitar tudo o que pode ofuscar ou diminuir a sua beleza espiritual.
Estimula a delicadeza na manifestação dos sinais de afeito e fortifica a
vontade no respeito sagrado para com a pessoa que se ama. Procura colocar o
Senhor no centro deste amor.
Os
seus desposórios com Maria são um modelo que o noivado cristão procura imitar.
De acordo com a Virgem, José é aquele que nos ensina a amar. Guia os esposos
por um caminho em que o amor não cessa de elevar-se com a maior nobreza de
sentimentos. Aumenta imenso o impulso de amor, fazendo-nos entrever no amor
humano o dom do amor divino. Faz considerar o amor como um chamamento à
santidade.
Será
para sempre o noivo por excelência, aquele que atingiu o cume do amor dos
desposórios, guiando todos os noivos neste mesmo sentido e ao mesmo tempo ajudá-los-á
a considerar Maria como noiva ideal.
Nos
desposórios, José não é só o modelo dos noivos. Como o compromisso tomado com
Maria importava ao mesmo tempo uma promessa de virgindade, o seu exemplo
apresenta-nos um aspecto importante da consagração virginal. Aqueles que fazem
ao Senhor o voto de castidade perfeita são por ele introduzidos numa intimidade
especial com Nossa Senhora. José faz realizar-lhes o privilégio desta
intimidade, a felicidade de possuir na vida a companhia de uma presença
feminina capaz de suscitar toda a poesia do amor, mas unicamente destinada a
elevar a alma para Deus. José, ensinado pela própria experiência faz
saborear-lhes toda a beleza espiritual de Maria, e aumenta neles o desejo de
uma pureza absoluta para poder participar do ideal de Maria.
_____
Para citar: GALOT,
Jean. São José. Coleção Gena Sancta. Tradução de Manuel
Alves da Silva, S.J. Edições Paulistas: 1965. (Alexandria Católica) Publicado
no blog Regozija-te com a verdade aos 12 de junho de 2017.
quarta-feira, 7 de junho de 2017
O encontro de José com a Maria
17:22
Gabriel Luan Paixão Mota
No comments
O
ENCONTRO DE JOSÉ COM MARIA
Um
encontro decidiu o destino de José! Foi um dia em que o seu olhar se cruzou com
o de Maria.
Aparentemente
era um encontro semelhante a tantos outros quando um jovem depara com uma moça
que lhe agrada para ser sua esposa. José ficou intimamente deslumbrado, ficou
encantado, seduzido. Um futuro de felicidade parecia abrir-se-lhe diante.
Na
realidade foi um encontro como não tinha havido outro na terra. Na frescura
primaveril do seu amor nascente, era diferente de qualquer outro. José ficara
impressionado com a incomparável beleza duma alma que era a pureza e a
perfeição inigualáveis.
"Salve, ó cheia de graça!" havia de
em breve proclamar o anjo Gabriel. Ao contemplar a beleza da Virgem, o anjo
havia de reconhecer nela a efusão maravilhosa da graça divina. José não podia
descobrir esta graça com o olhar espiritual de um anjo, mas pressentia-a
confusamente e experimentava o seu encanto admirável. Descobriu em Maria a
existência de uma alma superior, de uma impressionante perfeição.
Muitos
tinham passado por ela sem pararem nem descobrirem nela nada especial. A
simples beleza corporal de Maria não era tão grande que atraísse os olhares. O
jardim permanecia fechado e escapava ao mundo dos sentidos. O olhar ávido de
beleza exterior deslizava por aquele rosto sem poder penetrar no íntimo. Para
chegar à alma da Virgem era preciso um olhar profundo, liberto dos laços
sensíveis.
José
deve, pois, à sua grandeza de alma o fato de encontrar e descobrir Maria.
A
profundidade do olhar de José não era só uma qualidade natural, era um dom
sobrenatural. De há muito o Espírito Santo tinha preparado este encontro. Não
só tinha dado a José a força especial para vencer as inclinações e
reivindicações do instinto, mas tinha sintonizado a sua alma com a de Maria.
Certamente José estava longe de possuir a perfeição de Nossa Senhora, mas uma
graça superior tinha purificado aquele esplendor escondido. E o Espírito de
amor tinha formado de modo especial o seu coração para que concordasse com o
coração imaculado que se lhe oferecia.
Graças
a esta harmonia preestabelecida, o encontro assinalou a fusão daquelas duas
almas. No decurso dos séculos aqueles que encontrarem Maria ficarão admirados
com a sua beleza, mas fá-lo-ão igualmente iluminados pelo Espírito Santo que
tinha esclarecido e purificado o olhar de José. Só uma alma sobrenaturalmente
orientada pode descobrir Nossa Senhora.
Naquele
primeiro encontro o Espírito Santo estabeleceu um futuro que José então não
podia discernir. Sem dúvida pressentiu em Maria a Divindade e notou que nunca
se tinha aproximado tanto de Deus. Não podia, porém, saber até que ponto era
verdadeiramente atraído pelo rosto de Deus através do rosto de Maria. Não podia
ter consciência, naquele momento, de tudo o que sentia e apreciava confusamente
naquele encontro.
Muitos
anos depois, vivendo em companhia de Maria e de Jesus, ao verificar a profunda
semelhança entre eles, descobrirá que tendo sido fascinado por Maria, o tinha
sido na realidade pelo próprio Jesus. Maria escondia em si a imagem de Cristo.
José, ao encontrá-la, encontrara primeiro a Cristo.
Assim
como o Salvador, durante a sua vida pública, há de atrair aqueles que
encontrara, ou até seduzir, era ele que misteriosamente atraía José e, através
do rosto puro de Maria, se apoderava da sua alma.
José
experimentou deste modo o que muitos depois dele hão de experimentar seduzidos
pelo encanto de Maria. Cedia assim às seduções do amor divino que ela em si
escondia.
Afeiçoava-se
ao rosto de Jesus que já se delineava no da mãe. Na Virgem, sem o saber,
procurava e encontrava o Salvador por vir.
No
momento em que José reconheceu em Maria a mulher ideal, aceitou o convite que
lhe era feito. A beleza espiritual de Maria encantou-o tanto que quis guardar
esta presença sagrada. Só tinha um desejo: viver na intimidade desta alma única
no mundo.
Se
podemos comparar este encontro com o de Adão e Eva, antes do pecado que havia
de ensombrar a humanidade e aviltar os outros encontros, devemos notar que a
nova Eva, diferentemente da antiga, elevou o homem para o alto. A primeira Eva
empregou a sua influência sobre Adão para o fazer seguir a inclinação da sua
fraqueza. Maria, desde o primeiro momento do encontro, elevou José tornando-o
superior a si mesmo.
Olhando
para ela, José sentiu-se melhor. Impressionado com a perfeição e santidade
desta alma, despertaram-se nele aspirações mais nobres.
Em
particular, compreendeu que para viver em companhia de Maria devia manter-se na
maior pureza e deu-se conta que para conservar a sua missão no nível mais
elevado devia estabelecer-se na limpidez virginal. Podemos considerar que o
encontro com Maria levou José a tomar a resolução da virgindade. Embora tivesse
sido secretamente orientado nesse sentido pela graça, foi só na presença de
Maria que compreendeu toda a beleza da vida virginal, sentindo todo o seu
encanto e enlevo.
Não
foi só uma questão de respeito perante o desejo e a vontade de Maria. José
compreendeu que não podia verdadeiramente unir a sua vida à de Maria senão
associando-se à sua virgindade. Era um ideal que devia compartilhar.
Foi o
primeiro a quem Maria inspirou o encanto deste ideal. Em Maria a Virgindade não
era simples salva guarda de si mesma, nem austera renúncia às inclinações
sensíveis, era a chama de um grande amor, de um amor que devia ser espiritual
para ser um amor mais puro. Era também um amor cheio de frescura, desconhecendo
as perturbações da paixão. Descobrindo esta chama no olhar de Maria, José quis
também vivê-la e compreendeu com quanta delicadeza devia conservar esta
limpidez virginal. Depois dele muitos outros puderam testemunhar que a
influência de Maria foi decisiva para eles na consecução deste ideal elevando a
sua alma para o amor mais nobre.
Assim
se reconhecia, da maneira mais evidente, que o fulcro central deste encontro
era Deus. Deus era o traço de união. De fato, Maria só vivia para Deus e
desejava manter a sua virgindade para se unir mais a ele. Não se podia penetrar
na intimidade de Maria senão entrando na intimidade divina. Com toda a sua
pessoa inspirava o encanto virginal de Deus. José foi, pois, impelido por esta
dupla aspiração: elevar-se para Deus seguindo o caminho da virgindade.
Depois
deste encontro como lhe pareceram mais pequenas as coisas deste mundo! A alma
de Maria era tão grande.
Esta
descoberta iluminará a existência de José. Maria tornou-o participante da
grandeza e da pureza do seu amor.
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Para citar: GALOT, Jean. São José. Coleção Gena Sancta. Tradução de Manuel Alves da Silva, S.J. Edições Paulistas: 1965. (Alexandria Católica) Publicado no blog Regozija-te com a verdade aos 07 de junho de 2017.