quarta-feira, 7 de junho de 2017

O encontro de José com a Maria



O ENCONTRO DE JOSÉ COM MARIA


Um encontro decidiu o destino de José! Foi um dia em que o seu olhar se cruzou com o de Maria.

Aparentemente era um encontro semelhante a tantos outros quando um jovem depara com uma moça que lhe agrada para ser sua esposa. José ficou intimamente deslumbrado, ficou encantado, seduzido. Um futuro de felicidade parecia abrir-se-lhe diante.

Na realidade foi um encontro como não tinha havido outro na terra. Na frescura primaveril do seu amor nascente, era diferente de qualquer outro. José ficara impressionado com a incomparável beleza duma alma que era a pureza e a perfeição inigualáveis.

"Salve, ó cheia de graça!" havia de em breve proclamar o anjo Gabriel. Ao contemplar a beleza da Virgem, o anjo havia de reconhecer nela a efusão maravilhosa da graça divina. José não podia descobrir esta graça com o olhar espiritual de um anjo, mas pressentia-a confusamente e experimentava o seu encanto admirável. Descobriu em Maria a existência de uma alma superior, de uma impressionante perfeição.

Muitos tinham passado por ela sem pararem nem descobrirem nela nada especial. A simples beleza corporal de Maria não era tão grande que atraísse os olhares. O jardim permanecia fechado e escapava ao mundo dos sentidos. O olhar ávido de beleza exterior deslizava por aquele rosto sem poder penetrar no íntimo. Para chegar à alma da Virgem era preciso um olhar profundo, liberto dos laços sensíveis.

José deve, pois, à sua grandeza de alma o fato de encontrar e descobrir Maria.

A profundidade do olhar de José não era só uma qualidade natural, era um dom sobrenatural. De há muito o Espírito Santo tinha preparado este encontro. Não só tinha dado a José a força especial para vencer as inclinações e reivindicações do instinto, mas tinha sintonizado a sua alma com a de Maria. Certamente José estava longe de possuir a perfeição de Nossa Senhora, mas uma graça superior tinha purificado aquele esplendor escondido. E o Espírito de amor tinha formado de modo especial o seu coração para que concordasse com o coração imaculado que se lhe oferecia.
Graças a esta harmonia preestabelecida, o encontro assinalou a fusão daquelas duas almas. No decurso dos séculos aqueles que encontrarem Maria ficarão admirados com a sua beleza, mas fá-lo-ão igualmente iluminados pelo Espírito Santo que tinha esclarecido e purificado o olhar de José. Só uma alma sobrenaturalmente orientada pode descobrir Nossa Senhora.

Naquele primeiro encontro o Espírito Santo estabeleceu um futuro que José então não podia discernir. Sem dúvida pressentiu em Maria a Divindade e notou que nunca se tinha aproximado tanto de Deus. Não podia, porém, saber até que ponto era verdadeiramente atraído pelo rosto de Deus através do rosto de Maria. Não podia ter consciência, naquele momento, de tudo o que sentia e apreciava confusamente naquele encontro.

Muitos anos depois, vivendo em companhia de Maria e de Jesus, ao verificar a profunda semelhança entre eles, descobrirá que tendo sido fascinado por Maria, o tinha sido na realidade pelo próprio Jesus. Maria escondia em si a imagem de Cristo. José, ao encontrá-la, encontrara primeiro a Cristo.

Assim como o Salvador, durante a sua vida pública, há de atrair aqueles que encontrara, ou até seduzir, era ele que misteriosamente atraía José e, através do rosto puro de Maria, se apoderava da sua alma.

José experimentou deste modo o que muitos depois dele hão de experimentar seduzidos pelo encanto de Maria. Cedia assim às seduções do amor divino que ela em si escondia.

Afeiçoava-se ao rosto de Jesus que já se delineava no da mãe. Na Virgem, sem o saber, procurava e encontrava o Salvador por vir.

No momento em que José reconheceu em Maria a mulher ideal, aceitou o convite que lhe era feito. A beleza espiritual de Maria encantou-o tanto que quis guardar esta presença sagrada. Só tinha um desejo: viver na intimidade desta alma única no mundo.

Se podemos comparar este encontro com o de Adão e Eva, antes do pecado que havia de ensombrar a humanidade e aviltar os outros encontros, devemos notar que a nova Eva, diferentemente da antiga, elevou o homem para o alto. A primeira Eva empregou a sua influência sobre Adão para o fazer seguir a inclinação da sua fraqueza. Maria, desde o primeiro momento do encontro, elevou José tornando-o superior a si mesmo.

Olhando para ela, José sentiu-se melhor. Impressionado com a perfeição e santidade desta alma, despertaram-se nele aspirações mais nobres.

Em particular, compreendeu que para viver em companhia de Maria devia manter-se na maior pureza e deu-se conta que para conservar a sua missão no nível mais elevado devia estabelecer-se na limpidez virginal. Podemos considerar que o encontro com Maria levou José a tomar a resolução da virgindade. Embora tivesse sido secretamente orientado nesse sentido pela graça, foi só na presença de Maria que compreendeu toda a beleza da vida virginal, sentindo todo o seu encanto e enlevo.

Não foi só uma questão de respeito perante o desejo e a vontade de Maria. José compreendeu que não podia verdadeiramente unir a sua vida à de Maria senão associando-se à sua virgindade. Era um ideal que devia compartilhar.


Foi o primeiro a quem Maria inspirou o encanto deste ideal. Em Maria a Virgindade não era simples salva guarda de si mesma, nem austera renúncia às inclinações sensíveis, era a chama de um grande amor, de um amor que devia ser espiritual para ser um amor mais puro. Era também um amor cheio de frescura, desconhecendo as perturbações da paixão. Descobrindo esta chama no olhar de Maria, José quis também vivê-la e compreendeu com quanta delicadeza devia conservar esta limpidez virginal. Depois dele muitos outros puderam testemunhar que a influência de Maria foi decisiva para eles na consecução deste ideal elevando a sua alma para o amor mais nobre.

Assim se reconhecia, da maneira mais evidente, que o fulcro central deste encontro era Deus. Deus era o traço de união. De fato, Maria só vivia para Deus e desejava manter a sua virgindade para se unir mais a ele. Não se podia penetrar na intimidade de Maria senão entrando na intimidade divina. Com toda a sua pessoa inspirava o encanto virginal de Deus. José foi, pois, impelido por esta dupla aspiração: elevar-se para Deus seguindo o caminho da virgindade.

Depois deste encontro como lhe pareceram mais pequenas as coisas deste mundo! A alma de Maria era tão grande.

Esta descoberta iluminará a existência de José. Maria tornou-o participante da grandeza e da pureza do seu amor.


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Para citar: GALOT, Jean. São José. Coleção Gena Sancta. Tradução de Manuel Alves da Silva, S.J. Edições Paulistas: 1965. (Alexandria Católica) Publicado no blog Regozija-te com a verdade aos 07 de junho de 2017.

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